Como recuperar a capacidade de criar, brincar, inventar aquilo que se converte em satisfação pessoal? Como recuperar a inteireza, autenticidade, presença e solidez subjetiva para re-formar as ideias-gestos alinhadas a minha ética de vida? Como tonificar a potência criativa em mim?

 

A criatividade é como o fogo (no centro da consciência) que mobiliza e anima a vida exterior. Aquilo que construímos, produzimos por nós mesmas, que, como uma brasa escondida, devemos soprar e soprar de forma a levantar uma labareda, desenvolvendo assim, uma ecologia natural própria, um modo de ser singular. É uma força invisível que inunda a vida de vitalidade, que oxigena, que expande, que possui atuação excêntrica. Um dia fornece energia para inícios, semeadura, fluxo, ascensão, nascimento. No outro vai findando, declinando e morre. No entanto não para aí. Vida-morte-vida- é como a psique humana movimenta as suas águas regeneradoras.

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Houve um tempo em que a consciência humana confluía com os ciclos naturais de maneira espontânea e correspondia a identificação sensorial de acordo com a época. Como uma criança que está a descobrir e a constituir-se a partir das afetações dos cheiros, comidas, pequenos rituais familiares, dias mais escuros, calor interior, dias quentes, brincar na rua, portas abertas e fechadas, flores secas, brotos sob a geada. É a percepção da vida antes da percepção do tempo, é o tempo selvagem antes do tempo humano. 

 

Até que os ciclos naturais pudessem ser de quatro estações, as mulheres particularmente possuíam infância, idade adulta e velhice. Desenvolviam e fortificavam a sua PELE entre as mulheres, ritualizando, celebrando seu sangue, seu aspecto intuitivo-visionário em sincronismos lunares de forma íntegra e harmoniosa. 

 

A pele da alma das mulheres depende dos ciclos, movimentos de subida e descida, do mergulho rumo às profundezas da consciência até à superfície da vida exterior trazendo descobertas originais que vão dando sentido às escolhas, vitalidade, sabedoria para a realidade.  

 

Antigamente vivíamos em função desses ciclos e eles viviam dentro de nós. Eles nos acalmavam, faziam-nos dançar e traziam-nos a percepção da nossa condição de criaturas.

 

A ausência dos ciclos naturais, espirituais, profundos das mulheres as torna áridas, desvitalizadas, exaustas e nostálgicas. 

 

Voltar ao lar selvagem é vital para recuperar a potência criativa. Recuperar a pele roubada…mas como? 

É disso que trataremos nessa conversa. 

 

Brincaremos de aprender sobre a regeneração da consciência feminina. Usaremos o conto da Mulher Foca (do livro Mulheres que correr com os lobos de Clarissa Pinkola Estes) para entender as formas de como perdemos nossa pele de alma, as etapas necessárias de recuperação da espontaneidade profunda e o regresso cíclico ao lar da alma.

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Vem com a gente?